Dezesseis de maio foi o dia do Português Língua de Herança.
Há incontáveis palavras nessa minha língua que, cada vez mais viva, cada vez mais migrante e andarilha, está sempre em transformação.
Ao ser de herança, esse português nunca vai sozinho. Tem sempre alguma outra língua de mão dada com ele, mais forte, mais sabida pra quem o fala. O Pê (assim é como o trato com carinho nas siglas que circulam por aí: PLH ou POLH) fica com jeito de irmão caçula, café-com-leite. Tem que ser mesmo o protegidinho da casa pra aguentar os trancos e barrancos da vida. E às vezes faz isso calado.
Línguas, quando vivas, estão sempre em transformação. Em contato com outras, se empresta uma palavra daqui. Deixa-se de usar outra ali, inventa-se mais uma acolá. Nesse sentido, o P(O)LH é de uma riqueza que só vendo. Embora falemos de palavras novas, não há nada de novo nisso.
O português língua de herança provavelmente soa um pouco diferente (mas esse seu português também: só quem não olha além do umbigo acredita que “não tem sotaque”!). Tá certo? Tá errado? Bom, certo e errado, em matéria de língua, são convenções. E também prejuízos, estigmas.
O que eu desejo pra quem atua em contexto de herança neste dia, com todos os sombrios tempos políticos e ideológicos que correm, é que a gente aprenda a ser mais gentil com a diversidade, a diferença, as migrações que fazemos e recebemos, as minorias que somos e nos rodeiam.
O Pê nos traz isso: o aprendizado de, por ter sido parte de uma maioria (em nossos países de origem, falantes de português), nos vermos hoje como uma minoria. Um aprendizado de empatia importante, que devemos multiplicar não importa o lugar.